terça-feira, 10 de agosto de 2010

Calvário Feroz: O SilêNCIO. Parte X

O siLêNcIo do estúdio cessou quando a gaita emitiu seu rugido. Começava a gravação derradeira da trilha sonora do meu último curta Ferocidade entre a Urbe e a Flora.
Meus dois curtas anteriores tinham trilha sonora alta, recheados de efeitos sonoros abrangentes. Quando os rodei, eu frequentava alguns bares do circuito underground de rock'n'roll de Nova York. A maioria desses shows era no Brooklyn. Eu acompanhava constantemente duas bandas: The Nervous Cabaret e Black Cat Revolver. Tocavam em bares em porões, em casas improvisadas (Asterisk) e nos clubs do Lower East Side (Arlene Grocery ou Bowery Ballroom). Desses mesmos bares surgiram bandas como The Strokes. Estava sempre envolvido por rock'n'roll de extrema qualidade. E nesse meio, consegui a música do Nervous Cabaret para o meu curta Out of the Prohibition Era e do Giraffes para o curta seguinte, Zero Hour.
Neste, Ferocidade entre a Urbe e a Flora, optei por uma tropa de cigarras e uma gaita esvoaçante e repetitiva. Repetitiva como o tema de Tubarão/Jaws e chatinha como a nota do insistente piano De Olhos bem Fechados/Eyes Wide Shut. Mas a referência mesmo, como não poderia deixar de ser, foi Era uma vez no Oeste/Once Upon a Time in the West e Três Homens em Conflito/The Good, The Bad and the Ugly de Sergio LeOne. Charles Bronson tocava a gaita em Era uma Vez... e Pedro Fasanello tocou para o Ferocidade. Trilha de ótima qualidade do Sr. Fasanello.
No filme, o som das cigarras gira 360º à volta do protagonista e a gaita estraçalha a vegetação da floresta da Tijuca, onde o filme foi rodado. Entre o canto da cigarra e as notas da gaita... existe silêncio.
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O curta teve seu áudio finalizado na Casa de Som - que apoiou o filme - e suas imagens concluídas e computadorizadas e dvdzadas na Faro Filmes - que produziu el filme.
Dedos martelando o mouse através de ilimitada pesquisa na internet de festivais para inscrever o benedito filho curta-metragem. Lista de Gramado a Seul, de Paulínia a Sofia. Cannes já fui recusado, muito obrigado. Gramado? Passar bem. Mas a esperança é a primeira que morre ao contrário.
Meu professor dizia na faculdade que ao inscrever um curta em dez festivais e ser aceito em um deles, já era uma ótima média. Tendo já inscrito anteriormente dois curtas em alguns festivais, e sentido muita rejeição, ganhei alguma experiência em o que não fazer - tanto psicológica como fisicamente. No entanto, o que importa é que continuo mandando o filme pelo mundo afora e esperando para ver se minha média está boa. Fly DVDs! And bring me good news!
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O silêncio entre gaita e cigarra é preenchido pelo murmúrio, pelo som da surpresa, pelos risos de nervosismo, pelo olhar da população. Um público que não tem cinema em sua cidade, mas que uma vez por ano, conta com a Mostra Audiovisual de Cambuquira, vulgo, Mosca. Um povo que não está acostumado a assistir um filme na companhia de tantas pessoas. Ingenuamente, expressam com muita emoção, os sentimentos que nutrem ao assistir as imagens da tela prateada. Claro que tem vários adolescentes engraçadinhos que fazem um barulho dos capetas tentando que seus colegas riam da palhaçada. Mas é legal lembrar de como o público de Cambuquira, interior de Minas, se comportava quando a mostra começou há 6 anos atrás. Era bem mais falante. O público Cambuquirense, hoje em dia, pede silêncio e se concentra mais nas histórias. A verdade é que eles entram na história.
Ferocidade entre a Urbe e a Flora tem três momentos chaves nos seus curtos 13 minutos. No primeiro, a audiência fez o "oooooooh" da surpresa. No segundo, o público mesclou risos sacanas com o "aaaaaah" do choque. No terceiro, algumas risadas foram abafadas... pelo silêncio.
Mais um curta-metragem pronto e sendo exibido. O ardor nas têmporas, o músculo contraído, a artéria nervosa e pulsante. Estou entre uivos da gaita e urros de cigarras. Ao silÊncio me recolho...
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Essa mostra, MOSCA, é organizada pela Ananda Guimarães e outras grandes amigas, que com muito suor levam cultura para essa cidade encantadora que se chama Cambuquira. Foi com muita honra que participei da MOSCA com o Ferocidade. Honra e pressa devido ao compromisso inadiável do Sr. Pedro Fasanello - trilheiro e diretor de arte do nosso curta - que acompanhou a mim e minha esposa, Laura, até o sul de Minas.
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Extra, extra, extra. Lembrando que a água mineral das fontes naturais de Cambuca é a melhor que já bebi (tem gás natural) e o pôr do sol vendo o voo livre dos paragliders é espetacular.
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Parabéns a Márcio Vito, o protagonista do nosso Ferocidade, que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante no festival de Paulínia pelo filme 5 x Favela- Agora por nós Mesmos.
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Blu: um convite à euforia pela ArTe

Depois de algum trabalho, uma viagem NY/Europa, um certo desânimo, uma mostra de cinema e muito tempo jogado fora, eu volto a povoar este blog. Perdão pela ausência.

Um rio de criatividade passou pela minha vida e varreu essas imagens duma postagem facebookiana do eterno contribuinte Marcello Lima para as páginas replicantes deste blog que vos escreve.

Com vocês, Blu!!!

Se tiver uma conexão razoável, aconselho que assista em fullscreen.

Site do artista: BLUBLU.ORG