(da esquerda para a direita. em pé: Pedro Fasanello, direção de arte; Mariana, maquiagem; Yan Saldanha, som; Adriano Guerra, assistente de direção e boom; Beto Thomé, steady cam; Fernando Dolabella, ator; José Amarílio Jr, direção de fotografia. sentados: Marina Rigueira, atriz; Pedro Piu, assistente de produção; Cláudio Barros, produtor; Eu; Laura Carvalho, claquete e assistente de produção; Márcio Vito, ator.)
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Calvário Feroz: Olhar de Medusa. Parte VIII
(da esquerda para a direita. em pé: Pedro Fasanello, direção de arte; Mariana, maquiagem; Yan Saldanha, som; Adriano Guerra, assistente de direção e boom; Beto Thomé, steady cam; Fernando Dolabella, ator; José Amarílio Jr, direção de fotografia. sentados: Marina Rigueira, atriz; Pedro Piu, assistente de produção; Cláudio Barros, produtor; Eu; Laura Carvalho, claquete e assistente de produção; Márcio Vito, ator.)
sábado, 31 de outubro de 2009
Calvário Feroz: O mentor aconselha...Parte VII
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Tarantino é o caralho, foda mesmo é o LaRs VoN TrIEr
Confesso que ao sair do cinema após assistir Anticristo (Antichrist, dir. Lars Von Trier, Danmark-Deutschland-France-Svenska-Italia-Polska, 2009) fiquei extasiado e irritado. Extasiado por ter visto uma obra prima e irritado por todos só falarem dele: Quentin Tarantino e seus Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, dir. Quentin Tarantino, USA-Deutschland, 2009). Mesmo sem ter visto o filme de Quentin, gritei no meio da rua: Tarantino é o caralho, foda mesmo é o Lars Von Trier.
Como era possível que não tinha ouvido ninguém comentar sobre Antichrist???? Um filme primoroso, bem construído com apenas dois atores, com cenas super poderosas e chocantes e que me faz refletir até ao momento em que agora escrevo. A fotografia é revolucionária e Von Trier faz uso de um super-slow (obtido com uma câmera Phantom HD) que Tarkovsky não imaginaria ser possível (Von Trier dedicou o filme ao mestre russo, o que causou incômodo entre os críticos franceses no Festival de Cannes). Anticristo tem uma das melhores aberturas que já vi. No entanto, só me cuspiam no ouvido elogios à maestria de Tarantino e seu novo filme. Vi o trailer do filme em que Hitler grita: Nein! Nein! Nein! cortando para um Brad Pitt gritando: Yes! Yes! Yes!. Como seria possível que algo assim desse num bom filme?
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Ontem resolvi ir ver o filme bastardo. Numa caminhada que não durou nem 10 minutos, comecei a sentir como se já andasse há horas. Foi quando me apercebi que estava ansioso e excitado para ver o filme de Quentin. Lembrei de quanto fui injusto com ele ao dizer várias vezes que Pulp Fiction não era uma obra de arte. Logo eu que me impressionei profundamente ao ver esse filme em 94. Achei o filme tão revolucionário que influenciou várias coisas que escrevi depois. Cheguei a apostar com o meu pai que o filme ganharia todos os Oscars (naquela época ainda assistia aos Oscars, acreditava em Papai Noel e que o Brasil seria a potência do final do século XX).
Mas aí, fui para a faculdade de cinema. Assisti aos mestres russos, à nouvelle vague, aos clássicos americanos da década de 70... Revi Cães de Aluguel e tudo me parecia falado demais, longo demais, falso demais. O entretenimento puro me parecia menor se comparado à um Ran ou à um Taxi Driver. Hoje, consigo diferenciar um Duro de Matar dum Fellini 8 e meio e apreciar ambos pelos seus próprios méritos.
Quando estava quase chegando ao cinema, senti que tinha injustiçado Tarantino durante vários anos. Tanto que volto agora a colocar Pulp Fiction na minha lista de obras primas do blog.
Tudo bem que ele fez o entediante Kill Bill vol.2, mas não posso censurá-lo. O projeto inicial era de um filme só com 180 minutos. Mas a máquina de fazer dinheiro, Harvey Weinstein, convenceu o diretor a fazer o filme em duas partes. Por isso que tudo de bom está no vol.1 e toda a encheção de linguiça está no vol.2 (já tive até vontade de editar as duas partes e aí sim transformar Kill Bill em obra prima). Tudo bem também que ele fez o chatérrimo Death Proof, mas isso era um projeto juntamente com o Robert Rodriguez de emular os filmes trash da década de 70. Era só experimentalismo. Um experimentalismo corajoso (e deve ter feito essa experiência fumando crack para conseguir fazer um autêntico filme ruim e trash). "Pobre Quentin. Como te injusticei" - pensei.
Ao comprar o ingresso para o Inglourious Basterds, tive a certeza que assistiria ao melhor filme de Quentin Tarantino.
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Quando vi Os Doze Condenados, fiquei extasiado. O Lee Marvin botando para quebrar. O roteiro macho e eficaz. E nunca tinha visto tantos bons atores em um mesmo filme: Ernest Borgnine, Donald Sutherland, Jim Brown, Robert Ryan, Telly "Kojak" Savalas, John Cassavetes e...
- Papai, como se chama aquele cara dos Doze Condenados? Aquele do Sete Homens e um Destino? Aquele do bigodinho.
Meu pai ria, já profetizando que eu ainda iria ver muita coisa do genial übermann CHARLES BRONSON.
Os Doze Condenados, Era uma vez no Oeste e Agonia e Glória são a base inspiradora para o novo filme de Tarantino (Quel Maledetto Treno Blindato de 1978, que em inglês se chamou Inglorious Bastards, nada mais é que um filme que Tarantino adorou e usurpou o título colocando uma grafia errada. A única semelhança é que ambos se passam na II Guerra Mundial). Como todos sabemos, Tarantino constrói todos os seus roteiros em homages dos filmes que gosta.
Sergio Leone e Sam Peckinpah são dois cineastas que o influenciaram enormemente. Leone copiou seu próprio estilo em Quando Explode a Vingança. Peckinpah copiou seu próprio estilo em Elite de Assassinos. Ambos tiveram resultados desastrosos.
Tarantino, o cara que faz o plágio se tornar original, plagiou da única pessoa que não poderia ter plagiado: ele mesmo.
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Inglourious Basterds é fraco. Poderia dar mil razões para escrachar, trucidar, arrebentar e violentar o filme, mas não o farei em respeito a quem ainda quer assisti-lo. Tento controlar a impetulante arrogância que volta a se apossar de mim.
Digo apenas que pesquisando para este post (já estou aqui há mais de 3 horas, o que prova o meu respeito por Tarantino apesar desse último fiasco), encontrei um vídeo em que ele enumera os seus 20 filmes favoritos nos últimos 17 anos (infelizmente está sem legenda) e tchan tchan tchan tchaaaaaaaaan...!!!::::: ELE INSERE DOGVILLE DO LARS VON TRIER ENTRE ESSES 20 FAVORITOS.
Portanto, só tenho uma coisa a dizer: Tarantino é o caralho, foda mesmo é o LaRs VON tRIEr.
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Vim, Vi, Curti (Ou NãO)
Betamax - Watchmen, dir. Zack Snyder, USA, 2009.
Dos melhores filmes de super-heróis que já vi. Com um roteiro bom, a tecnologia atual permite que os quadrinhos sejam cada vez mais bem adaptados. Zack Snyder já tinha mandado bem em 300, que é um filme sem roteiro só de porradaria, e agora com um roteiro sólido, se esbalda. Este filme faz para as adaptações de quadrinhos, o que Moulin Rouge fez pelo musical. Ou seja, expõe a base do gênero retratado e destrincha, altera e parodia seus clichês sem deixar de ser fiel às origens.
sábado, 3 de outubro de 2009
Comentário Lampejante
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Locações in Loco
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Calvário Feroz: Entre os gols da Seleção e o Tango, a Vida Imita a Arte. Parte VI.
Com exceção do figurino, que ainda precisava de algumas peças, tudo estava praticamente pronto. Faltava apresentar a locação para os atores se ambientarem e esperar o fim-de-semana passar para começarmos a gravar (a ação se passa no Parque da Floresta da Tijuca e durante o fim de semana o fluxo de turistas é muito grande).
No início da semana, eis que a gloriosa Rede Globo decide expandir a novela Caminho das Índias por mais duas semanas. O protagonista do meu curta está na novela, inviabilizando a nossa filmagem nos dias 31 de Agosto, 1 e 2 de Setembro. Só poderíamos rodar no meio de Setembro. Obviamente, isso não era culpa do protagonista que apenas cumpria seu contrato com a Globo, mas a necessidade de remarcar o filme deu uma quebra na produção.
Todos no filme estão trabalhando “por amor” (termo atenuante que significa trabalhar de graça) e ao remarcar a data de filmagem, o ritmo de trabalho de todos parou por completo. A culpa disso é única e exclusivamente minha.
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Justamente no dia em que escrevi pela última vez neste blog, fui para a minha famigerada pelada. Eu sou um convicto perna de pau, mas mesmo assim, insistem em me escalar como centro avante. Isso se deve ao fato de um inspirado e milagroso dia em que permaneci na banheira e marquei quatro improváveis gols. Eis que ao disputar uma bola bruscamente, como se estivesse num campeonato profissional, piso errado e deposito o peso do meu corpo em cima do pé esquerdo. Fratura!!! Para aqueles que não me conhecem, sim, sou eu na foto que ilustra esta postagem. A vida imita a arte visto que o personagem do filme está com a perna quebrada e anda de muletas durante todo o filme. Pelo menos agora consegui a muleta que precisava para o filme…
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Meu pai tinha marcado uma viagem para que nós fossemos à Argentina ver o jogo do Brasil. Coincidentemente estava marcada para o dia 3 de Setembro, um dia depois do que seria a filmagem. O filme estava cancelado momentaneamente e não deixaria que um pé quebrado me impedisse de viajar.
Fui, subi o estádio de muletas, gritei, pulei igual Saci com os gols históricos da seleção e só não dancei tango porque aí já seria demais. Voltei com as mãos quase em carne viva por causa das muletas e hiper-cansado. Meu pé latejou por uma semana que fiquei na cama sem vontade sequer de ir ao banheiro. O curta que tentava rodar desde o começo do ano estava adiado novamente. A imobilidade me trouxe a um estado de semi-depressão. Me lembrei muito de 8½, filme de Federico Fellini em que um diretor de cinema em crise da meia-idade não consegue rodar um filme. Ele enrola o produtor e os atores e o filme nunca acontece.
Hoje me lembrei também de um filme pouco visto chamado Coração de Caçador (White Hunter, Black Heart), o primeiro filme que vi com Clint Eastwood. Vagamente inspirado na filmagem de Uma Aventura na África (African Queen) dirigido por John Huston, Eastwood interpreta o diretor que abandona as filmagens constantemente para caçar elefantes na África. O rosto de Clint na última cena do filme (talvez sua melhor interpretação facial de todos os tempos) passa toda a sua decepção com o mundo cinematográfico e com sua pouca vontade de estar ali dirigindo aquele filme.
Numa escala infinitamente menor, sinto-me várias vezes “deprimido” com meus projetos. As dificuldades e obstáculos que consistem rodar um filme me colocam à prova o tempo todo. “Caramba, já tenho 30 anos”, repito em minha mente. Acho que isso se deve ao fato de nunca ter realmente experimentado o gosto do sucesso. Não o da fama, mas o sucesso comigo mesmo, de me sentir querido como artista. Já participei de festivais e meus filmes sempre foram bem recebidos pelo público, mas falta algo…
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Minha barba é rala e cheia de falhas. Quando fico com preguiça e não a faço, é uma visão ridícula. É como aquele bigodinho ralo de mexicano que os adolescentes adoram exibir. Decidi não fazer a barba até que consiga rodar o filme. Ontem, a mulher do protagonista me perguntou se era promessa. Não, é castigo mesmo.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Calvário Feroz: rough cut do corte bruto sem TubarÕeS. Parte V
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Comentário Lampejante
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Vim, Vi, Curti (ou NãO)
KINO- Se, Jie/Lust, Caution/Desejo e Perigo, dir. Ang Lee, USA/China/Hong Kong/Taiwan, 2007.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Prozac da Semana
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Calvário Feroz: Enquanto a grama cresce, o cavalo passa fome. Parte IV
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Calvário Feroz: na TV domiciliar sou pupilo dos mestres. Parte III
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Vim, Vi, Curti (ou NãO)
Os planos sequência nem sempre fazem sentido no filme. Às vezes o diretor parece bem seguro e o filme desenrola bem, mas quando cisma de copiar o estilo de Cláudio Assis, ele se perde.
sábado, 18 de julho de 2009
Calvário Feroz: Plano sequência no meio do mato - uma loucura programada. Parte II
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Prozac da Semana
terça-feira, 7 de julho de 2009
Winner Take Steve
Quando fui a NY pela última vez, meu caro amigo diretor Marcello Lima me mostrou essa joia.
Eu acho essa parada hilária. Apreciem.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Calvário Feroz: a realização de mais um curta metragem. Parte I
segunda-feira, 29 de junho de 2009
Dissertando sobre óbitos
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Fanfarrão Digere gnocchi enquanto Capitão Digressa
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Vim, Vi, Curti (ou NãO)
Depois de ganhar um Oscar e ser elogiado por todos, resta-me ser o cara do contra. O significado da arte do equilíbrio para seu protagonista some no meio de dramatizações longas. O SER se perde e dá lugar a um filme que enaltece o artista sem nunca realmente conhecê-lo.
BETAMAX: Vicky Cristina Barcelona, dir. Woody Allen, Espanã/USA, 2008.
Legalzinho. No entanto, a drástica e madrasta veritá, é que o último filme bom de Woody Allen comemora 11 anos: Celebrity/Celebridades. Difícil é convencer o Woody Allen a voltar para Manhattan ganhando na Europa o que nunca ganhou na ilha.
Auscutador: The Prodigy, Invaders Must Die, 2009.
Uma PoRRada!!! Mais para Experience do que para Fat of the Land. O tipo de álbum que eu tocaria se eu fosse DJ. Underground e mainstream ao mesmo tempo. Tem até música intitulada Piranha (com "nh").
Abaixo, edição no seu auge.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Prozac da Semana
domingo, 31 de maio de 2009
Nem mesmo o AdaMantiUm de Logan me calará!!!
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Ontem, num maravilhoso fondue entre amigos, uma amiga deu a mesma resposta que minha mãe. Na minha fingida (sim, porque eu sei a resposta) indignação, pergunto como alguém pode assistir algo escrito pela Gloria Índia Perez. A resposta é simples: tudo é tão idiota e vazio que o cérebro é desligado e todas as complicações do cotidiano se esvanecem. Ela e minha mãe fazem isso com a Glória Clone Perez e eu faço com filmes de ação. O meu Sex and the City é um Duro de Matar.
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Eu sou o mais extremo rancor representado pelos geeks. Revolta-me quando alteram a história dos quadrinhos por opções piores. Se fizerem um filme com o Batman gay e for muito bom, tudo bem. Podem alterar à vontade. Mas para pior? Se não está quebrado, não conserte.
Porque criar uma história de Abel e Cain em Wolverine se nas HQs nunca foi comprovado que Wolverine e Dentes-de-Sabres são irmãos? Porque fazê-lo sem humor e com plena consciência se nas HQs ele é um baixinho engraçado e desmemoriado? Porque fazer com que as garras saiam do meio dos nós dos dedos se no original elas saem acima dos nós dos dedos? Tá, agora eu tô sendo implicante.
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O que aconteceria se Wolverine fosse pintado por C.M. Coolidge e Salvador Dali???
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A literatura deixa margens infinitas à imaginação. Quadrinhos limitam um pouco essa imaginação visto que estamos vendo os desenhos no transcorrer das páginas. Imaginamos o movimento do herói socando o vilão, sua voz, os ruídos de Metrópolis, mas vizualizamos muito mais que num romance.
As adaptações de quadrinhos para o cinema foram, na sua maioria, fiascos. Qualitativamente falando.
Os efeitos especiais de antigamente não davam conta do recado e quando se tentava, os resultados eram risíveis. Dependiam de roteiro. E roteiro não tinham. Continuam não tendo. Só que os efeitos especiais de hoje dão conta do recado. O sucesso de filmes baseados em quadrinhos é um sucesso no começo do século XXI. Para muitos, ver Logan voando e cortando a hélice dum helicóptero já vale o ingresso. Eu preferia vê-lo dizendo frases de efeito, transtornado por ser um "animal" e de vez em quando, aí sim, metendo o cacete na galera.
Sin City e 300 são legais porque usam ritmo e visual a seu favor e dependem menos do roteiro apesar de estar lá. O pobre Wolverine ficou orfão de uma boa história. A besteira não foi boa o suficiente para que eu desligasse o cérebro.
Wolverine caricatura: http://leandrofca.blogspot.com/2007_07_01_archive.html
Wolverine Coolidge e Dali: http://superpunch.blogspot.com/2009/03/if-rene-magritte-salvador-dali-and-cm.html
terça-feira, 19 de maio de 2009
Legendas, Cartelas e Tarjas Pretas
Uma pesquisa do Datafolha informou que 56% dos brasileiros que frequentam cinema gostam mais de filmes dublados. A maioria das pessoas que vai ao cinema (pagando extorsivos 18 reais por uma inteira no Rio de Janeiro) são pessoas que têm de onde tirar. Assim, cai por terra a teoria que só pessoas com baixo ou nenhum nível educacional preferem os dublados. A galera quer ouvir "Vai se ferrar" e não "Fuck you". Aliás nunca entendi porque "fuck" e seus derivados sempre viram "ferrar" nas bocas dos dubladores...
O canal TNT é o mais assistido da tv a cabo. O TNT é inteiramente dublado. TUDO. Quem tem tv a cabo não é o pobre. O pobre tem gatoNet e não entra no censo.
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Achei bem mais ou menos o Quero ser um Milionário/Slumdog Millionaire, dir. Danny Boyle, UK-India, 2008. Também, o filme ganhou o Oscar. Dificilmente seria bom. No entanto, Slumdog tem um grande mérito. Algo bastante original. A legenda. Provavelmente pensando no público americano, que odeia legendas, o diretor tornou as legendas muito mais dinâmicas e fáceis de ler. Danny Boyle coloca as legendas ao lado do personagem, quase como se fossem os pequenos balões das histórias em quadrinhos. Funciona bem nos planos abertos e muito bem nos closes. Achei altamente inovador e acho que a moda vai pegar.
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Fui à pré-estreia de Adagio Sostenuto, dir. Pompeu Aguiar, Brasil, 2009, produzido por Ana Cristina Sauwen. Achei o filme interessante. Um vídeo arte com uma narrativa ficcional. Palmas para o diretor que segurou um filme inteirinho só com um ator em quadro. Mas o que ficou na mente foram as cartelas que apareciam na tela. Filosofias pretensiosas, momentos de auto-ajuda, trechos de romances existencialistas...tudo em texto por cima de imagens muito bem fotografadas. Das imagens, lembro bem das paisagens do campo, do anoitecer urbano, dos fogos de artifício. Do texto, não lembro de nada.
Na faculdade teve uma aula em que o professor disse que nosso cérebro lembra de cerca de 80% das imagens e 20% do diálogo. O cinema é uma linguagem visual e por isso, para muitos, a dublagem é preferida. Meus professores de roteiro martelavam na minha cabeça: se um diálogo pode ser substituído por uma sequência de ações, faça-o. Du Rififi chez les Hommes (na minha lista de obras primas ao lado) tem uma famosa sequência de roubo em que os ladrões ficam 30 minutos do filme sem falar nada. EsPeTacUlar.
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LoUcAMente pesquisando para o roteiro dum futuro doc da minha produtora, deparei-me com esse clipe. Bastante original como o diretor usa ironicamente a tarja preta da censura a seu favor. No caso, o texto é usado como ajuda e gadget audiovisual. Não importa se eu lembro o que dizem as cartelas, elas estão ali apenas para fazer uma graça como "efeito especial" e ajudar no ritmo do clipe. E além do mais é um plano sequência, portanto, na falta de cortes é sempre bom possuir agilidade. O texto das cartelas foi não só original como útil.
Make the Girl Dance: Baby, Baby, Baby (eu falei que o clipe era original, não o nome da música)
domingo, 17 de maio de 2009
Quem sois, Tchê? - uma prolixa crônica falando de biografias longas
Quando um interlocutor está contando os tremendos obstáculos que teve de ultrapassar para chegar àquele ponto e local onde trocávamos uma ideia e para para cumprimentar um colega e volta cinco minutos na história dando aquele incrível senso de déjà vu e tudo isso sem vírgulas assim como dizem que Nabokov escreve apesar de nunca ter lido Lolita. Perco-me completamente.
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Algo similar acontece nas biografias cinematográficas diante da minha percepção. Querem contar a vida do cara toda quando talvez isso não seja tão importante assim. Chaplin, 1992, de Sir Richard Attenborough, faz isso. Inicia com um Carlitos pobrinho até, enfim, ele morrer na Suíça tendo como enfermeira a esposa 39 anos mais jovem. Você vê, vê e vê e perde as emoções do personagem porque o filme é apedrejado por diversos fatos históricos e peculiaridades vazias. Esquecem o drama e a emoção em prol de ser justo à biografia do retratado.
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Costumo ter sempre um livro no banheiro. Numa época, o livro era Chatô, de Fernando Moraes. Ele fala tudo sobre a vida de Assis Chateaubriand, mas em momento algum invade a cabeça do biografado. Não especula o que passaria pela cabeça do protagonista. O livro era tão grande que ao ritmo de duas páginas por ida ao banheiro, nunca terminaria de lê-lo. Ao passar a parte que falava sobre o Presidente Arthur Bernardes (tinha que saber sobre o presidente que era meu conterrâneo de Viçosa, MG) desisti do livro. Não conseguia ter interesse por tantos detalhes. Minha tia falava que eu estava lendo o "Chatão". Foi o único livro que não li até o final. Chatô era jornalístico demais.
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Che: The Argentine, 2009, de Steven Soderbergh é jornalístico. É como se o Fernando Moraes tivesse dirigido o filme.
-Che Guevara deu uma bazucada naquele caboclo ali? Então vamo filmá ele dando uma bazucada.
-Che Guevara tossiu subindo essa ladeira aqui? Então vamo produzir essa cena asmática.
O filme propõe ao espectador mostrar-lhe o período Cubista das Havanas:
À saída do cinema argumentou-se que é interessante ver esse tipo de filme de gênero histórico. Eu concordei. É interessante. Mas se fosse um filme igualzinho só que num mundo onde Che Guevara nunca existiu, será que seria interessante? Provavelmente não. O filme se sustenta por seus fatos. A ficção do longa é coadjuvante, tornando as emoções insípedas, turvas. As ações de Che no filme não são suficientes para descobrirmos nada sobre ELE como SER.
Vi o argentino Che na ONU, no meio da guerrilha, no México e no final do filme permaneceu a pergunta: Quem foi Che Guevara?
foto Che 1: http://www.popartuk.com/people/che-guevara/mural-of-che-guevara-on-cuban-wall-12163-poster.asp
foto Che 2: http://be-extreme.blogspot.com/2008/12/nova-t-shirtche-guevara.html