quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mulher não gosta de PELADA. Nunca gOsTOu!

Chego agora da famigerada pelada de quinta-feira. Carrinho, nem pensar. Gol, então.

- Lembra daquele filme de futebol...?
- O Fuga para a Vitória???
- Esse mesmo! Que o Pelé dibra o time todo e o Stallone vai pro gol.

Quando moleque, achava legal ver o Michael Caine treinando o time de prisioneiros, o Pelé demonstrando uma certa ingenuidade com seu inglês macarrônico. Fuga para a Vitória é a referÊncia dos filmes de futebol? Convenhamos, Fuga para a Vitória é ruim pra cacete!

Porque não existem bons filmes sobre o esporte mais popular do planeta? Fiz um workshop de roteiro o ano passado e o professor respondeu que estatísticas mostravam que o público que adentra as salas tupiniquins de cinema são na sua maioria damas, senhoras, gatinhas e meninas. Mujeres al borde de un ataque de nervios... Como tal, não haveria dinheiro para bancar filmes para um bando de primitivos machos pão duros que não vão ao cinema.

Como eu também sou pão duro, não quis abrir discussão sobre esse tópico visto que estaria perdendo minha aula com uma discussão ineficaz. Mas, a verdade é a seguinte:

-Se fossem ligar a estatísticas, quem patrocinaria um filme em que quase todos os personagens são pretos, moram numa favela e se matam cruelmente? Cidade de Deus nunca teria sido feito.

Os homens inundariam as salas de cinema para ver um bom filme de futebol. Homens brasileiros gostam tanto de esporte que assistem até filmes americanos sobre beisebol. O que diria um bom filme de futebol.
As mulheres não gostam de pelada. Mas se nós as acompanhamos para ver Titanic, porque elas não poderiam nos acompanhar para ver Reinaldo, o Homem dos Mil Gols ou Galinho de Quintino, A História de Zico??? Agora, chamá-las para ver Garrincha com André Gonçalves não tem santo que convença. Quando convido minha mulher para ir assistir à pelada e ela diz que está com dor de barriga (dor de cabeça é a desculpa para o sexo) eu sei como é duro convencer a garotinha. Mas se na minha pelada aparecesse de vez em quando o Romário ou o Fenômeno, tenho certeza que ela iria e ainda levaria umas amigas.

- Pô, mas e a Marta? Ela ama futebol e joga um bolão.
- Pô, mas a Marta joga que nem homem. Aí não vale.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vim, Vi, Curti (ou NãO)

KINO - Tony Manero, dir. Pablo Larrain, Chile, 2008:
Surpreendente e grotesco. Interessante devido ao formato e ao ator principal. Claustrofóbico na sua essência.

Surprising and grotesque. Interesting due to its format and the lead actor. Claustrophobic in its essence.

BETAMAX - Quando Explode a vingança/Giu la Testa/Duck you, Sucker, dir. Sergio Leone, Itália, 1971:

Rod Steiger exagera na interpretação. A trilha de Morricone, que se baseia na repetição como um mantra ao longo dos filmes, não funciona. Leone, intencionalmente ou não, satiriza seu próprio estilo. O resultado é longo e não é engraçado.

Rod Steiger exagerates in his interpretation. Morricone's soundtrack, that bases itself in repetition like a mantra throughout the films, doesn't work. Leone, intentionally or not, satirizes his own style. The result is long and not funny.


AUSCUTADOR - Depeche Mode, Sounds of the Universe, 2009:
Parece que está lento, mas está acelerado. Um álbum confiante e empolgante com uma abertura para lá de alternativa. O disco vai diminuindo progressivamente suas porradas. Lamentavelmente o interesse se dissipa nas últimas faixas. **O clipe de Wrong é muito bem bolado**
It sounds slow, but it is accelerated. A confident and exciting album with a beyond alternative intro. The record diminishes progressively its punches. Unfortunately it lacks interest in the last tracks. **The music video Wrong is well thought.**

Dave Gahan lambendo Dirty Sticky Floors ao lado de Colegas Artistas.

Navegando pela bio do Depeche Mode flutuo até o «down rock bottom fundilho do poço» da carreira de seu estimado crooner, Dave Gahan.

O site http://www.allmusic.com/ conta que Gahan, turbinado pelo estrelato, resolve ir a Los Angeles no início da década de 90 para tornar-se um adicto em heroína (como consequência, não como objetivo). Seu álbum solo Paper Monsters conta bem isso - daí Dave "Personal Jesus" Gahan estar nos tais pisos grudentos sujos do título.
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Perambulando pelo museu Van Gogh em Amsterdã. Meio lerdo. Riso frouxo. Massa encefálica esverdeada. Boca com cheiro de fumaça.
Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos Olhos grudados na melancolia dO Campo de Trigo com Corvos, conhecido como o último quadro do ruivo de orelha decepada. A vista que o pintor tinha da sua cela em Saint Remy. O pronúncio da morte.

A narração, na voz marcante de Léo Baptista, dos corvos explodindo em direção ao céu. Van Gogh sabia que ia morrer?!?

O holandês foi exaustivamente analisado. Seu estado insano teórica && academicamente demonstrado em suas pinceladas circulares. ____________________________________________________________________

Porque ninguém quer saber que Martin Sheen vivia bÊbado no set de Apocalypse Now e teve um infarto durante a filmagem? Questione e saberás que Marlon Brando chegou no set sem saber uma fala do roteiro. Francis Ford Coppolla , ignorando o respeito dos italianos pela matriarca, já estava vendendo a mãe para conseguir pagar os gastos astronômicos que culminavam a cada dia de filmagem. [Deveria ter pedido conselhos aos diretores e produtores brasileiros que têm como modus operandi nunca tirar um tostão do próprio bolso para fazer um filme. A algibeira dos outros, sim. A própria, nunca.]
Se a tóxico-químico-nuclear dependência de Dave faz com que as portas da compreensão se abram para a obra musical de Gahan, então, saber que Brando chegou ao set com 44 quilos a mais faz com que se perceba o desespero dum diretor que pretendia um personagem atlético. Van Gogh cortou as próprias orelhas e assim, olhamos para um girassol sempre com uma gota de sangue. Francis Ford Coppolla notoriamente ameaçou se matar várias vezes durante a filmagem de Apocalypse Now e assim, olhamos para uma guerra do Vietnã com toques lisérgicos.

Entender o autor, é entender sua obra. Simples assim. Óbvio assim.