quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Tarantino é o caralho, foda mesmo é o LaRs VoN TrIEr

Para aqueles que estão acostumados com meus títulos intelecto-pseudo-prepotentes, mas que nunca tiveram termos chulos, peço desculpas. Os referidos palavrões nada mais são do que uma forma de chamar a atenção para o cúmulo da arrogância que se apossou de mim.
Confesso que ao sair do cinema após assistir Anticristo (Antichrist, dir. Lars Von Trier, Danmark-Deutschland-France-Svenska-Italia-Polska, 2009) fiquei extasiado e irritado. Extasiado por ter visto uma obra prima e irritado por todos só falarem dele: Quentin Tarantino e seus Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds, dir. Quentin Tarantino, USA-Deutschland, 2009). Mesmo sem ter visto o filme de Quentin, gritei no meio da rua: Tarantino é o caralho, foda mesmo é o Lars Von Trier.
Como era possível que não tinha ouvido ninguém comentar sobre Antichrist???? Um filme primoroso, bem construído com apenas dois atores, com cenas super poderosas e chocantes e que me faz refletir até ao momento em que agora escrevo. A fotografia é revolucionária e Von Trier faz uso de um super-slow (obtido com uma câmera Phantom HD) que Tarkovsky não imaginaria ser possível (Von Trier dedicou o filme ao mestre russo, o que causou incômodo entre os críticos franceses no Festival de Cannes). Anticristo tem uma das melhores aberturas que já vi. No entanto, só me cuspiam no ouvido elogios à maestria de Tarantino e seu novo filme. Vi o trailer do filme em que Hitler grita: Nein! Nein! Nein! cortando para um Brad Pitt gritando: Yes! Yes! Yes!. Como seria possível que algo assim desse num bom filme?
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Ontem resolvi ir ver o filme bastardo. Numa caminhada que não durou nem 10 minutos, comecei a sentir como se já andasse há horas. Foi quando me apercebi que estava ansioso e excitado para ver o filme de Quentin. Lembrei de quanto fui injusto com ele ao dizer várias vezes que Pulp Fiction não era uma obra de arte. Logo eu que me impressionei profundamente ao ver esse filme em 94. Achei o filme tão revolucionário que influenciou várias coisas que escrevi depois. Cheguei a apostar com o meu pai que o filme ganharia todos os Oscars (naquela época ainda assistia aos Oscars, acreditava em Papai Noel e que o Brasil seria a potência do final do século XX).
Mas aí, fui para a faculdade de cinema. Assisti aos mestres russos, à nouvelle vague, aos clássicos americanos da década de 70... Revi Cães de Aluguel e tudo me parecia falado demais, longo demais, falso demais. O entretenimento puro me parecia menor se comparado à um Ran ou à um Taxi Driver. Hoje, consigo diferenciar um Duro de Matar dum Fellini 8 e meio e apreciar ambos pelos seus próprios méritos.
Quando estava quase chegando ao cinema, senti que tinha injustiçado Tarantino durante vários anos. Tanto que volto agora a colocar Pulp Fiction na minha lista de obras primas do blog.
Tudo bem que ele fez o entediante Kill Bill vol.2, mas não posso censurá-lo. O projeto inicial era de um filme só com 180 minutos. Mas a máquina de fazer dinheiro, Harvey Weinstein, convenceu o diretor a fazer o filme em duas partes. Por isso que tudo de bom está no vol.1 e toda a encheção de linguiça está no vol.2 (já tive até vontade de editar as duas partes e aí sim transformar Kill Bill em obra prima). Tudo bem também que ele fez o chatérrimo Death Proof, mas isso era um projeto juntamente com o Robert Rodriguez de emular os filmes trash da década de 70. Era só experimentalismo. Um experimentalismo corajoso (e deve ter feito essa experiência fumando crack para conseguir fazer um autêntico filme ruim e trash). "Pobre Quentin. Como te injusticei" - pensei.
Ao comprar o ingresso para o Inglourious Basterds, tive a certeza que assistiria ao melhor filme de Quentin Tarantino.
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Quando vi Os Doze Condenados, fiquei extasiado. O Lee Marvin botando para quebrar. O roteiro macho e eficaz. E nunca tinha visto tantos bons atores em um mesmo filme: Ernest Borgnine, Donald Sutherland, Jim Brown, Robert Ryan, Telly "Kojak" Savalas, John Cassavetes e...
- Papai, como se chama aquele cara dos Doze Condenados? Aquele do Sete Homens e um Destino? Aquele do bigodinho.
Meu pai ria, já profetizando que eu ainda iria ver muita coisa do genial übermann CHARLES BRONSON.
Os Doze Condenados, Era uma vez no Oeste e Agonia e Glória são a base inspiradora para o novo filme de Tarantino (Quel Maledetto Treno Blindato de 1978, que em inglês se chamou Inglorious Bastards, nada mais é que um filme que Tarantino adorou e usurpou o título colocando uma grafia errada. A única semelhança é que ambos se passam na II Guerra Mundial). Como todos sabemos, Tarantino constrói todos os seus roteiros em homages dos filmes que gosta.
Sergio Leone e Sam Peckinpah são dois cineastas que o influenciaram enormemente. Leone copiou seu próprio estilo em Quando Explode a Vingança. Peckinpah copiou seu próprio estilo em Elite de Assassinos. Ambos tiveram resultados desastrosos.
Tarantino, o cara que faz o plágio se tornar original, plagiou da única pessoa que não poderia ter plagiado: ele mesmo.
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Inglourious Basterds é fraco. Poderia dar mil razões para escrachar, trucidar, arrebentar e violentar o filme, mas não o farei em respeito a quem ainda quer assisti-lo. Tento controlar a impetulante arrogância que volta a se apossar de mim.
Digo apenas que pesquisando para este post (já estou aqui há mais de 3 horas, o que prova o meu respeito por Tarantino apesar desse último fiasco), encontrei um vídeo em que ele enumera os seus 20 filmes favoritos nos últimos 17 anos (infelizmente está sem legenda) e tchan tchan tchan tchaaaaaaaaan...!!!::::: ELE INSERE DOGVILLE DO LARS VON TRIER ENTRE ESSES 20 FAVORITOS.

Portanto, só tenho uma coisa a dizer: Tarantino é o caralho, foda mesmo é o LaRs VON tRIEr.

15 comentários:

  1. Se a minha vontade de assitir "Inglorious Basterds" já era nula, após esses comentários, não assisto nem que me paguem o ingresso. Acho Quentin Tarantino repetitivo e entediante... e como confio plenamente na opinião mestra do meu maridinho, menos um filme na minha lista para ver. :)

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  2. Engraçado porque mesmo achando fraco, acho que vale a pena ver. Tarantino sabe enquadrar e manipula bem o roteiro, mesmo não estando no seu auge. Se o mesmo filme tivesse sido dirigido por outro diretor qualquer, eu o classificaria melhor. Mas, tendo em conta o Tarantino, achei aquém das expectativas.

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  3. Vc escreve com uma paixão que tenho certeza que pos várias pessoas a correr para ver o Lars.Gosto muito dos trabalhos dele. Não vou correr, prefiro, se possivel, assistir em sua companhia. Aprecio o Pulp Fiction, mas qto ao resto sou meio restritiva. Eu o considero um bom diretor, mas não genial.
    Filmes são como livros, quem se limita a ver só um genero não sabe o que perde, é abrir a cabeça e ler ou "ver" até quadro de aviso. Depende da hora e da disponibilidade. rs rs

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  4. eu ADOREI os dois filmes, cada um a seu modo. e os dois me fazem lembrar que no cinema tudo pode. mas da preguiça de listar as razões por escrito. isso é papo de bar ;)

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  5. "Numa caminhada que não durou nem 10 minutos, comecei a sentir como se já andasse há horas." - Você estava emaconhado!
    Já queria assistir Bastardos antes, agora quero mais por tua arrogância. Vontade mesmo me deu foi de assistir "Anticristo".

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  6. concordo com quase tudo que li ai, porém os bastardos é um bom filme, a la tarantinis, mas é bom. Valeu pela dica do antiocristo, assim q ver, comento aqui...abs gus

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  7. Querida Matriarca Sueli, não veja Anticristo. Você é muito sensível e vai ter pesadelos por uma década.

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  8. Ananda, realmente num bar seria melhor para fazer essa lista. Aqui eu só expresso a minha opinião parcial sem colocar o bonequinho do Globo entediado.

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  9. Allemand, eu não uso drogas e também não sei porque você me considera arrogante (tom de ironia).

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  10. Gus, como fã número um do Tarkovsky, você tem que ver Anticristo pra ontem.

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  11. Marcio, não sei se sou ignorante mas achei anticristo uma bosta.
    Tem uma fotografia e uns planos belíssimos que é o que salva , de resto achei o filme chatopacarai.

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  12. Na arte não existe ignorância, somente o gosto de cada indivíduo. Entendo perfeitamente que alguém ache o filme chato. É que nem bunda, cada um tem a sua.

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  13. pode-se muito bem achar o filme de lars Von Trier chato, mas é preciso admitir que isso se deve à falta de conhecimento e sensibilidade de cada um.
    não basta dizer, gostos não se discutem.
    que livros lêem os admiradores de Tarantino?
    deixo esta pergunta.

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