domingo, 15 de abril de 2012

Novamente a palavra MeDo se instala...


Após um soberbo passeio de moto no sábado, reúno as almofadas e estico os membros no sofá. Vai começar Drive de Nicolas Winding Refn. A vibe anos 80 invade minha sala numa sequência quase sem diálogos de uma fuga pós-roubo. Du Rififi chez les hommes vem à memória com sua famosa sequência de assalto a banco que dura 30 minutos sem uma única palavra ser emitida. De repente, os créditos de abertura. Música alta, retrô porém moderna, enquanto os créditos (Rosa pink) surgem no ecrã. Recordei Thief, o primeiro filme de Michael Mann, que também abusou de sequências de assalto sem diálogos e da trilha eletrônica dos Tangerine Dream. A música usada adequadamente no celulóide é um prazer inenarrável. Que abertura. Que porrada.
Comecei a compreender o porquê da euforia de vários cinéfilos em relação ao filme e ao prêmio de melhor diretor em Cannes. Refn consegue realizar um grande desejo que tenho: associar enquadramentos interessantes, imagens que falam mais que palavras e o ritmo moderno e acelerado de Hollywood. Não estava diante de um filme de ação normal. Na verdade, nem sei se pode-se dizer que é um filme de ação. Drive é "inrotulável".
No entanto, a grande surpresa veio quando surge um prenúncio de relação amorosa na tela.
*****
Todos sofremos (Tristeza não tem fim, felicidade sim). Como seres racionais, penso que ainda sofremos mais. Minha gata sabe que vai tomar uma bronca ao revirar o lixo, mas o instinto fala mais alto. O prazer de roer aquele osso vindo da lixeira compensa a palmada que pode estar por vir. O mesmo não acontece conosco.
O medo da dor, do sofrimento, das lágrimas, diversas vezes, nos impede de avançar. Esse mergulho no vazio pode vir com uma extasiante recompensa em nossas mãos, mas o receio de voltar com as mãos sangrando do mesmo salto, nos trava. Congelados, deixamos o medo ditar nossa vida e não aproveitamos paixões que estão a um passo de nossos corpos.
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O driver (interpretado por Ryan Gosling) se encanta por sua vizinha, mas obviamente, não consegue se entregar. A timidez não é o foco, mas talvez o medo de machucar e se machucar. O meio que escolheu ganhar a vida é brutal e se alguém estiver ao seu redor, pode muito bem sofrer as consequências. O protagonista parece estar quase se entregando, abandonando o medo, mas eis que o marido da vizinha volta para casa.
A "nobreza" do personagem, em meio ao furacão de violência que oscila, é uma metáfora para o cavalheirismo que desapareceu desde o final do século passado. Os trovadores do passado enalteciam o amor verdadeiro, aquele que independe de se estar ao lado da amada. O amor verdadeiro faz com que desejemos o melhor para a amada mesmo que não possamos tocá-la ou vê-la. Me chamem de louco após assistirem o filme. Como posso falar de amor verdadeiro num filme tão violento e insano? Pelas escolhas do personagem. Ele não vai se envolver com a vizinha casada, mas vai tirá-la de perigo mesmo que isso lhe custe a própria vida. Ele escolheu viver o caminho que se traçou à sua frente. Então, não teve mais medo.
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"Não me envolverei mais com mulheres que trabalham demais", disse ele. "Nunca mais quero saber de homem maconheiro", disse ela. Nesse emaranhado de frases que acabam virando regras para nossas vidas, vamos perdendo a beleza do instinto, do impulso, do ímpeto. Mergulhemos de cabeça nas oportunidades que surgem em nossas vidas.

Nota: Para assistir aos berros. Infelizmente não consegui ver no cinema...

22 comentários:

  1. Feridas de amor não cicatrizam jamais. Apenas anestesiam.

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  2. "a dor é inevitável, o sofrimento opcional" CDA
    bola pra frente!

    ótimo texto
    abs

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  3. Será que um dia vai consegui esquecer este amor?

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  4. As feridas do amor podem ser absorvidas por outras maiores... portanto podem cicatrizar, sim.

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  5. Anônimo(a), o amor verdadeiro nunca é esquecido. Amo várias pessoas que não vejo há anos. O bem querer tem sempre um lugar reservado dentro de nós.

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  6. (...)
    A beleza do instinto (e do impulso e do ímpeto) está em perceber uma brecha e fazer a curva ideal para uma nova descoberta. Afinal, a vida acontece apenas uma vez.
    "mudar de alimento estimula o apetite" - Van Gogh

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  7. “É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou."
    (Saint-Exupéry)

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  8. Eu também te amo cara. Ótima leitura suas resenhas e vou assistir com certeza. Valeu.

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  9. Se me disseres quem és, Luar, poderei responder se o meu sentimento por ti é o amor...

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  10. Eu te Amo!!! Mas você não me Ama.Infelizmente...

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  11. Se é amor, não sei, mas que encantei por ti, sem dúvidas!!! beijos!!

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  12. É platônico meu amor por ti...

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  13. Bom o texto...não acha que está com dor de cotovelo ou frustrado?
    Conselho: Tenta reconquistar seu Amor.

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  14. Digas o segredo para conquistar este coração machucado...

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  15. Saudades LOUCA !!!!!!!

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  16. Não consigo te esquecer,estou sempre pensando em ti...

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  17. Não paro de pensar em ti.............................

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  18. Márcio B Venturi,Digas com sinceridade , o que te encanta em uma mulher? Qual o segredo para conquistar este coração machucado?

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