Por essa razão tive que viajar para fora do Rio para ver A invenção de Hugo Cabret em 3D. Tive que ir até à Barra da Tijuca. Na Miami carioca, no New York City Center, na sala De Lux do Multiplex, pela bagatela de 25 reais (meia entrada). Luxos que só a aristocracia da Barra poderia ter a criatividade de criar.
A abertura é fantástica. A câmera passeia digitalmente pela Gare du Nord entre passageiros e trens. A fumaça das locomotivas e a neve do inverno Parisiense parecem passar constantemente pelo rosto do espectador. Realmente, Hugo é o filme onde o 3D foi mais bem aplicado até hoje. No entanto, como um leigo da sétima arte, me perguntei: e daí? Por diversas vezes me senti entediado. A história do orfão, que sonha em consertar um autômato que escreverá uma mensagem de seu falecido pai, não me encantou.
O trânsito de uma hora até em casa (viajar para a Barra não é mole) me deu tempo para questionar meus sentimentos. Achei o filme infantil e previsível por não mais me permitir ser ingênuo e lúdico? Teriam os problemas profissionais e pessoais do dia em questão influenciado o meu mau humor em relação ao filme? Teria me tornado uma pessoa fria?
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Ao chegar em casa, procurei o livro A Imagem-Tempo do filósofo Gilles Deleuze. Rapidamente encontrei o trecho que procurava: "Quanto à distinção entre o subjetivo e objetivo, ela também tende a perder a importância, à medida que a situação ótica ou a descrição visual substituem a ação motora. Pois acabamos caindo num princípio de indeterminabilidade ou indiscernibilidade: não se sabe mais o que é imaginário ou real, físico ou mental na situação, não que sejam confundidos, mas porque não é preciso saber, e nem mesmo há lugar para a pergunta. É como se o real e o imaginário corressem um atrás do outro, se refletissem um no outro, em torno de um ponto de indiscernibilidade."
Era um jovem estudante de cinema com um olhar subjetivo e me tornei um artista com mais de 30 anos com visão objetiva. Meu convívio com o autor do trabalho de faculdade me fez enxergar que tinha me afastado do meu lado mais maluco para criar: a subjetividade.
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As pessoas costumam se referir a pontos chaves do filme "que não entenderam". Sobre aquela imagem "que não fez sentido". Sobre aquele filme do David Lynch sem pé nem cabeça. Talvez por ser uma forma de arte mais antiga, na pintura isso já não acontece com tamanha frequência. Não vejo uma pessoa apontando para um Kandinsky e dizendo que não entendeu. Ela gosta ou não. Fica ali admirando ou vai embora. A apreciação é mais pura.
Na sétima arte, seus espectadores vivem em busca de respostas e acontecimentos lógicos. Feliz daquele que acorda e não questiona o significado de seu sonho. Ele simplesmente aceita a falta de coerência do seu subconsciente.
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Sempre busquei na subjetividade uma forma de me conectar e construir uma realidade. O entrelaçamento do real e do imaginário sempre foi minha meta. Analisando minha condição atual enquanto artista, me assustei ao pensar nessa frieza da minha vida pessoal. Busco um imediatismo nas minhas paixões e se não são correspondidas, corto o contato. Creio que a rejeição da vida está me tornando duro, intransigente. Em suma: frio. Talvez por isso ame tanto o calor do sol carioca. Preciso de calor. Tenho necessidade de me aquecer constantemente para derreter o gelo que se instala nas minhas entranhas.
Tomei uma atitude hoje que poderia ser interpretada como um fechar de porta. Algo que não tem mais volta. Porém, a porta continua aberta, mesma que seja uma fresta. Em breve passarei por ela novamente, de preferência com minha subjetividade recuperada. Tudo vai depender do POnto de Vista.
Também busco o imediatismo em minhas paixões, só que não são correspondidas.Acho que assusto!! mas sou muito sincera, quando gosto, é verdadeiro.Mas homens não valorizam mulheres diretas...Infelizmente...
ResponderExcluirMeu sentimento por ti intenso,mas louco...
ResponderExcluirValorizo o imediatismo, a sinceridade feminina e a mulher direta. Não me assusto com vulcões. Muito pelo contrário, adoro erupções que me encobrem de calor. No entanto, o anonimato me broxa.........
ResponderExcluirA arte do Kandinsky não precisa necessariamente contar uma história. Vc vai lá ver, aprecia, gosta ou não.
ResponderExcluirA sétima arte é a arte de contar histórias, além de reunir todas as artes numa só. Por isso as pessoas precisam de respostas, fechamentos, conclusôes. Na maioria das vezes não se contentam em obter suas próprias respostas com filmes de "finais em aberto" ou não possuem conhecimento mais profundo sobre o tema.
Concordo em parte, Marcelo. Nem sempre os filmes contam histórias. Existem inúmeros filmes abstratos (principalmente dentro da vídeo arte e do cinema experimental).
ResponderExcluirMinha timidez impede de sair do anonimato...
ResponderExcluirÉ muito louco este sentimento.Mas, acredite,penso em ti todos os dias....
ResponderExcluirSaudades!!!!
ResponderExcluirSe deixar,posso te fazer muito feliz!
ResponderExcluirAgora fiquei com pena de não ter ido ver a invençao de Hugo, é que desde de avatar, todos os filmes que vi 3D, foi contrariada. Ao ponto de ficar chateada quando chego ao cinema e descubro que o cinema é 3D e tenho que comprar a porcaria dos oculos, ja recusei ver filmes só por causa disso.Gostaria de voltar a ver um filme como o avatar (nao pela historia) em que o 3D era parte integral do filme, em que só fazia sentido ser assim.
ResponderExcluirvera lucia
Em Hugo o 3D é parte do filme. Não sei que cinema é esse que te vende os óculos, mas pelo menos você fica com eles, porque aqui no Rio, te cobram mais caro por ser 3D e recolhem os óculos no final.
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